segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Uma alegoria?




Haja coração pra esse carnaval! Já começou estourando a boca do balão. Muitas emoções na rua. Me senti uma celebridade, logo logo terei fotos em facebooks e orkuts alheios, acho que ganhei alguns fãs. Uns queriam minha piteira, outros meu boá, outros meus olhos, outros meus beijos. Que folia é essa de sair beijando todo mundo né? Eu heim, eu lá quero borrar meu batom? Ops, ahahaha...

Eu queria tantas coisas ao mesmo tempo ontem. Mais dos desejos, desejos, desejos que não têm fim. Mais do mesmo, ainda. Me surpreendi quando ao cumprimentar, deu vontade de dar um beliscão ao invés de um beijo no rosto. Não pra machucar, mas pra acordar. É, tenho essa mania de achar que estou sempre certa e que as pessoas estão cometendo erros tolos. Deve ser porque tempos depois do acontecido, eu sempre tenho a confirmação de que estava certa. Ontem tive mais uma confirmação. Acho lindo quando reencontros acontecem. Quando se percebe a saudade no tempo distante. Quando se percebe a importância desse tempo que ficou pra trás. E ainda quando se percebe que uma amizade é possível. É bom saber que minha intuição não é furada, e posso contar com isso ao tomar decisões.

Eu estava realmente feliz. Mas, ah... Tanta coisa me desagradou. Se não quer ver, não olhe. Ah se fosse assim. Mas não me fiz de rogada. Fiquei na frente do bloco, botando minha alegria toda ali, sentindo a energia da bateria perto, era onde eu queria estar. E o carnaval tem um quê de melancolia mesmo. Botei um personagem na rua, e eu ali dentro, pequenininha, feliz e infeliz ao mesmo tempo. É o que o carnaval permite.

alegoria
s. f.
Modo indireto de representar uma coisa ou uma ideia sob a aparência de outra.

No carnaval, as alegorias são os carros que contam o enredo com destaques. Ontem fui o destaque da minha própria alegoria. Moça faceira, elegante. Moça de maneiras afetadas e roupas extravagantes. Já me disseram que nasci pra ter um carro e vestidos bonitos, e ser livre. Livre pra passar um tempo na vida das pessoas, pra deixar elas "melhores" pras próximas relações? Já me senti um bibelô, um brinquedinho na prateleira. Antes pegava escondido e guardava quando não estivesse mais a fim, agora que a mãe descobriu, não pode mais. A verdade trouxe um alívio, mas não nego: tenho saudade da mentira. Assim, vejo uma amizade impossível, mesmo a longo prazo. Quando eu disse que queria te guardar num potinho, era pra te ter sempre por perto, não pra ficar olhando você se debater lá dentro.