quarta-feira, 22 de junho de 2011

Insone


A noite/1

Não consigo dormir.
Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras.
Se pudesse, diria a ela que fosse embora;
mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.

A noite/2
Arranque-me, senhora, as roupas e as dúvidas.
Dispa-me, dispa-me.


A noite/3

Eu adormeço às margens de uma mulher:
eu adormeço às margens de um abismo.


A noite/4
Solto-me do abraço, saio às ruas.
No céu, já clareando, desenha-se, finita, a lua.
A lua tem duas noites de idade.
Eu, uma.

Eduardo Galeano

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Gira gira

acertei no número, serviu!
aham, tudo do meu jeito e tudo ao meu redor!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Lua de cristal

A lua lá, linda e sempre. Espectadora de todas as minhas vidas. Um dia mais perto, outro espiando, fininha. Só ela sabe de onde vem essas piras e súbitas decisões, sofridas. Qual era minha situação no último eclipse, não lembro. Mas nesse dia, ontem, de parar tudo que estava fazendo para sentar e apreciar um momento tão mágico, já vi que muita coisa mudou. Pra pior nada muda, é só uma questão de adaptação. Um privilégio vê-lo do começo ao fim. Agradecimentos, sempre. Tempo suficiente para apreciar, refletir, agradecer, lembrar. Pensar o quanto sou pequenininha, mesmo. Agradecer todas as coisas que vivi e me fizeram feliz, e me fizeram uma pessoa melhor. Eu sou feliz hoje, de novo. Estou bem, energizada. O eclipse fecha mais um ciclo e abre um novinho, cheio de possibilidades. Visualizo uma coisa linda vindo, muitos planos. Mas do ranço ainda sinto a dor de cotovelo, sim senhora. Ainda mais quando se faz necessário gritar aos quatro ventos as belezas da sua sábia decisão. Ah essa exibição gratuita. Quer provar pra quem que está no caminho certo? Consideração com o que eu sinto não existe. Vai existir perdão? Levar um fora dói. Levar dois na mesma circunstância, dói mais ainda. Dói porque foi bom, duas vezes em muitos momentos. Hoje ouvi uma boa: Virar a página? Não! O negócio é fechar o livro! É isso. Me deixa aqui, quieta. Estou bem assim. A distância me faz bem. Me tirou da tua vida, não precisa saber do meu perdão. A hora que o perdão vier, do fundo do coração, a coisa toda já não vai ter importância alguma, e será, sim, só mais uma. Trabalho para o esquecimento.

A noite/4
Solto-me do abraço, saio às ruas.
No céu, já clareando, desenha-se, finita, a lua.
A lua tem duas noites de idade.
Eu, uma.

Eduardo Galeano

Mesmo assim, me alegra saber.
Ontem os pensamentos andaram juntos.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Adeus, adeus.

http://www.youtube.com/watch?v=2a8jP5Fm6iY

Ai ai ai! Quanto movimento! Corro mais do que ando, e ainda no mesmo lugar. Ainda? Não né. Já andei muito. Mas na tentativa de descobrir o que quero, ainda não dei nenhum passo. Há pouco nem sabia o que não queria. Não é a toa que caí na mesma armadilha pela segunda vez, e lá se foram quase dois meses nadando contra a corrente, acreditando em um sentimento e em uma mudança, que não veio, óbvio. A coisa boa disso tudo é que não agi contra minhas vontades e nem carreguei o peso da culpa. Tem gente que prefere MESMO se fazer de cega. Essa cegueira escolhida tem suas vantagens, dá uma sensação de felicidade e segurança, deposita só boas coisas e tenta acreditar que daqui pra frente, tudo vai ser diferente. Besteira.
Faz-me rir, ha ha ha
. As pessoas não mudam assim, da água pro vinho. Nesse caso, do vinho pra água, já que seria necessário deixar a influência de Baco para viver uma vida mais regrada e mais sincera consigo e com o outro. Felizmente ou não, sempre estive do lado da verdade. É duro ouvir a verdadeira resposta do que se pergunta, mas ainda acho melhor do que viver num mundinho que só parece perfeito, onde você nem sabe ao certo onde aposta suas fichas. Vivi até onde deu, e dessa vez, de verdade, digo em alto e bom som, não consigo mais. Ai, claro que não acho certo. Mas agora minha parte está feita, finda. Foi bom pra enxergar coisas que até então estavam nebulosas. Tirei do pedestal e vi bem de perto a falcatrua. Pelo menos agora, nesse instante, sei o que não quero. Ah sim, ponto importante. Cheguei a essa conclusão achando que queria um amor pra chamar de meu. Ôche! Eu pedi, apareceu. No formato latino, caliente, cheio de vontades, carinhos, tudo dedicado a mim e completamente sem limites. Heim? Assim não né, assusta! Ok, deixo o amor latino pra trás, é muito pra mim nesse momento. Também não quero. Será que posso ir por eliminatória? Vou descobrindo o que não quero até finalmente sobrar apenas uma única opção? No próximo pedido vou ser mais específica, dar mais detalhes. Senão me aparece outra coisa maluca latina, dançante e cantante. Estou sendo muito exigente? Talvez. Por agora, paz e arroz está de bom tamanho.

fazendo o check list, sempre... hehehe

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Desejos

Sim... eu pedi desejo, disposição e disponibilidade.
É sério... já?

terça-feira, 7 de junho de 2011

Versos íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Augusto dos Anjos

sábado, 4 de junho de 2011

quieta menina!

Uma semana pesada essa. As tensões desses últimos dias me fizeram pensar sobre minha última decisão. Uma dessas doloridas, que rasgam o peito. Mas que, aos meus olhos, me mostra bem madura. Pra que prolongar uma dor, se o fim já é sabido. Cheguei a questionar minha decisão de silêncio e distância, tive vontade de falar, de contar como têm sido os meus dias, os meus sonhos. Falar das minhas aflições, da saudade que já tenho dos meus alunos, mostrar o cartão lindo que recebi de um dos meus queridos. De olhar nos olhos e abraçar bastante. É até onde eu posso ir. Só que quero mais que isso. Aí, é maquiar um olho roxo. Satisfaz a vontade imediata, mas o dia seguinte é sempre pior. É, o silêncio e a distância permanecem. Estou bem assim. Trato isso como um vício. Sei que cada dia é um dia, e cada dia é uma nova oportunidade de enfiar o pé na jaca de novo. Ou uma nova oportunidade de fazer diferente e manter o coração na linha. Sabe, o universo se encarrega de me proteger. No dia mais difícil, o ápice da vontade de fazer contato, os duendes levaram meu celular. Tenho bons guias. Hoje, pensando ainda sobre isso, questinei essa amizade, possível? Ainda não. Uma amizade cheia de limites? Não me serve. Não sou bem vinda nos eventos sociais, e ainda vem a tentativa de esconder de mim que eles existem. Nunca seria convidada. E as mentiras continuariam, as desculpas esfarrapadas seriam as mesmas. Que tipo de amizade é essa? Não teve força pra assumir um amor, não teria força pra assumir uma amizade. E eu continuaria em segundo plano. É a mesma relação, só muda o nome. Seria uma amizade velada e escondida. Não, obrigada. Pros meus amigos eu ligo aos sábados e domingos e chamo pra almoçar ou tomar um sorvete no fim de tarde. Ligo de madrugada se estou chateada ou precisando conversar. Ligo a qualquer momento se tenho saudade, só pra saber como estão. Minhas poucas boas amizades não me colocam limites. Não existe mágoa, não existe raiva. É só um momento de luz em que enxergo como seria, e quais frustrações eu teria. Tem carinho, tem amor, mas tem dependência, tipo vício. É dessa dependência que quero me livrar. As escolhas foram feitas, e é isso. Dessa vez eu quero que as coisas sejam do meu jeito , ou nada feito. Chega de migalhas.

A noite/1
Eduardo Galeano
Não consigo dormir.
Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras.
Se pudesse, diria a ela que fosse embora;
mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.