sábado, 2 de junho de 2012

Para espantar a tristeza, só mais uma boa dose.


Depois de 15h de sono, falo sobre o que foi, o que é, e o que sempre será. Intenso e inesquecível. Processo insaciável, que se alimenta do meu mais nobre e do meu mais podre. Alimento das trevas e da luz. Ambíguo desde o início, fez brotar meu humano. Bela Perséfone raptada por Hades, metade suave, metade sombria rainha das trevas. Satyricon é isso. Esse Apolo-Dionísio, brigando pela luz e pela dor. Ah, a dor. No coração, no corpo, na alma. Nas vozes chorosas cantando o fim, o aplauso no caos. No corpo cansado agradecendo. No suor que escorre lavando a maquiagem. No sorriso satisfeito de cada dia de fim de espetáculo. Experimento hoje intensamente essa sensação. No abraço de minha mãe, que não esteve no delírio, mas sempre soube da importância da coisa toda, e me fez chorar com seu bilhete de carinho, dizendo você conseguiu! A coragem vista aos olhos do público, que tanto aumentou e compartilhou do nosso delírio. Só agradeço e sinto saudade. Ah essa saudade que me aperta e me afaga. Essa saudade que me fez dormir sem querer acordar sem mais uma boa dose de Satyricon. Triste não estou. O fim chegou, e feliz, agradeço e dou com vontade o próximo passo. O que vivemos vive, pulsa, e não demora a gritar dentro da gente, explodindo barreiras e dando vida aos mais variados delírios e delícias. A luxúria está desperta. Assim como a coragem, o gozo, o suspiro, o infinito. Sou muito mulher hoje, tenho e mantenho acordada a chama que me sacudiu e me acendeu mulher. Num sopro divino um poder foi me dado. Sinto cada parte minha gritando junto, é o corpo que pulsa com mente e coração, apaixonado. E só posso concluir que tudo é uma coisa só. Bela conclusão que me faz um ser inteiro e vivo. Aprendiz aberto, ouço sussurros dos caminhos. Ah que vontade de viver! Ah que bela essa vida! Que belas bizarrices, que belos amores, que belos encontros, e quanto suspiro. Hoje eu suspiro, valorosos gladiadores!




2 comentários:

  1. Oin, Anita, que lindo! É isso, é exata e simplesmente isso.
    Amanda

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  2. Para nós que ficamos na platéia ( e eu especialmente que tive o privilégio de assistir 5 apresentações desse delírio) foi uma experiência de igual forma vivida, surpreendentemente viciante e absolutamente encantadora.
    Eu que tanto tenho estudado a arte, pude assistir em cada apresentação de Satyricon, a arte e a entrega em sua mais pura essência. Trabalhos como esse, do mais alto nível, são os que me fazem gostar cada dia mais do palco, e querer aprender e viver intensamente o palco. O grupo delírio se tornou uma referência ainda mais forte pra mim. Só tenho a dizer muito obrigado por terem trazido as vistas publicas tão belo e intenso trabalho.

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